quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Continuo, ando...







Bom, o fim do post passado, falei que nossos problemas sempre situamos do lado de fora. Verdade... Uma das facetas da moeda é o de querermos a todo custo sermos aceito em uma sociedade, ou em um grupo, por uma pessoa, etc.; a outra faceta é que também exigimos dos outros, sempre queremos mais e mais, e nos sentimos frustrados diante da impotência desses outros de não nos corresponder. Está ai um grande problema... Ta, poderíamos dizer que as outras pessoas não têm obrigação de saber a priori o que queremos, quando queremos e muito menos de querer dar o que queremos! Sempre fui dessa visão, e tem dado muito certo, pois acho que esclarece e faz respeitar o outro com quem se convive. O máximo que podemos fazer é comunicar ao outro o que sentimos, o que a ação dele nos causou. Daí em diante, exigir dele que tenha uma postura diferente, ou que dê razão e seja-nos grato, é ilusão e não tem nada a ver conosco. A partir do momento que falamos de nós mesmos, o que o outro vai fazer com isso não é problema nosso. Não que esteja ignorando-o, mas respeitando! Acho que isso remete ao que citei no texto anterior, de uma noção de autonomia. Se autonomia é se autonomear (essa é a definição), então não adianta nomearmos os outros, taxando-os disso ou daquilo, mas sim nomear o que o outro nos causou! Por isso, as diversas opiniões podem ser aceitas e respeitadas. Porque não estamos nos relacionando com os outros para sermos aceitos, ou para aceitá-los, mas para conviver, aprender, e sermos incluídos na vida dos demais pelo o que sentimos e como demonstramos isso. Ta ai, se é para sermos diferentes, o que nos diferencia é modo como cada um vive seus sentimentos e os transmite.
Lindo, o mundo viveria harmoniosamente se tudo isso desse certo 100%. Não é porque não dá que não devemos ao máximo fazer dar certo. Só que onde ficamos situados então? Tem um certo imperativo de dentro de nós que nos faz querer ser satisfeito nos nossos desejos. E isso é que me preocupa, essa exigência de felicidade (nossa!). E penso até que ponto não devemos querer do outro, porque simplesmente não querer nada dele, é não fazer diferença. E questiono aí o que fazer então com isso? Com isso que nos é particular e nos domina sem que tenhamos controle. Será que vamos saber dar o que queremos sem pedir algo em troca? Ou teremos que nos acostumar com isso que sempre vai causar um mal-estar?
(Texto baseado na discussão com meu amigo Psicanalista Marcus Vinicius sobre o texto anterior “Com, vivo?”)

2 comentários:

Anônimo disse...

Ora, ora, muito obrigado pela "citação". Devo dizer que são boas perguntas, e que essa dificuldade de resposta é a mais saudável. Em certa medida nossa "felicidade" (este termo não serve pra muita coisa, parece muito carregado de sentidos quase místicos) está atrelada a um outro ou talvez atrelada à de um outro. Também não sou adepto da forma narcisista de pensar que eu me basto para produzir minha própria satisfação. Seria preciso algum meio termo.
Quando você pergunta se no fim das contas devemos nos acostumar com isso, acho que está próxima de uma resposta legítima. Ser capaz de tolerar a infelicidade cotidiana é um dos modos de se viver bem. Esse trem ainda rende um longo debate...

Anônimo disse...

Existe os que querem e os doam. De certo modo as pessoas hoje em dia vivem muito para e pelo consumismo. E isso fez com que a vida ganhasse a urgencia de vivida. Parar, refletir e sentir uma amizade ou um amor ainda é o melhor a fazer. Porque no fim da contas, o objetivo de todos é a felicidade.
Se cada Ser doar um pouco do seu tempo para um outro, certamente haverá reciprocidade e mais harmonia no dia a dia.