sábado, 16 de agosto de 2008

Com, vivo?


Entra no ônibus, paga a passagem, procura um lugar para sentar, de preferência um que esteja com a cadeira do lado vazia, senta, tira da bolsa (mochila, bolso, etc.) um fio embolado e começa a desembolar... ate que consegue, e ai sintoniza a musica, encaixa direito nos ouvidos. E pronto, segue assim ate sair do ônibus, ou muitas vezes prossegue assim mesmo por entre as ruas. Essa anda sendo a rotina das pessoas ultimamente.
Antigamente pessoas pegavam o ônibus ate faziam amizades, namoros... E hoje, a tecnologia ao invés de nos aproximar nos distanciou! Não acha paradoxal? Hoje cada um tem seu telefone, tem seu computador, tem seu mp3, tem sua internet. Fica fácil, não ‘e mesmo? Para que preciso dividir?
‘E paradoxal, mas cai bem na nossa sociedade atual, em que estamos evitando pessoas. ‘E verdade... nossa sociedade anda pedindo de nos cada vez mais “autonomia”, ponho entre aspas porque questiono esse tipo de autonomia. Porque se autonomia for não precisar do outro, tenho medo do que vem por ai!!!
Prefiro aderir ao significado de autonomia em que as pessoas interagindo consigam ver diferentes pontos de vista e respeitar esses diferentes pontos. Significado onde não exclui o outro do meu convívio, mas que eu saiba conviver com essa diferença, sem que eu tenha que cobrar do outro um comportamento igual ao meu ou ao esperado por mim. Nem também ter que abrir mão da minha opinião para ser respeitada. Alias ‘e isso que nossa sociedade tem feito conosco, se você não tiver o celular mais novo, o computador mais novo, a casa mais nova, o lançamento de amanha, você ‘e antiquado, desatualizado. Estamos o tempo todo atendendo o imperativo de uma sociedade que exige sempre um comportamento nosso. Mal paramos para pensar se ‘e isso mesmo que queremos e por que queremos! Acreditamos que tudo o que a sociedade nos oferta (cobrando) nos fará feliz, ou pelo menos aceito. A exigência da sociedade esta ai, mas o social, a convivência, a diferença não ‘e respeitada nem tão pouco percebida. Estamos sempre tentando sermos reconhecidos pelas nossas diferenças, mas onde esta essa diferença?
Não estou abolindo a tecnologia, de forma alguma. Mas a forma com que a usamos para não ter que encarar a nossa maior ferida, que com certeza localizamos sempre do lado de fora.

2 comentários:

Anônimo disse...

...E são abordagens e discussões como essa que podem mudar o rumo que a sociedade está indo.
É necessario uma primeira iniciativa para que o presente comece a mudar o futuro.

Anônimo disse...

Paradoxal realmente: a tecnologia afasta os indivíduos que estão próximos e supostamente aproxima os distantes... se é que há alguma aproximação em orkuts da vida.
Os meios de comunicação de antes, os mais arcaicos mesmo, (carta, etc) vinham de longe mas traziam pra perto o remetente, seja no cheiro que a acompanhava, seja na caligrafia torta, no papel amassado. Tudo numa carta carrega a marca de seu autor. Agora pense num e-mail. Nada mais padronizado e frio. Já não é o caso de autonomia pela via da tecnologia, é o caso do automatismo. Diziam que os robôs iam dominar o mundo. Talvez isso já esteja acontecendo.
Relendo aqui eu pensei em outras coisas além do que já havíamos debatido, então fica aí também esse monte de idéias soltas.