terça-feira, 28 de julho de 2009

No Limite


Ouvi anunciando o programa da Rede Globo “No Limite” e ao ouvir isso me questionei: “quem de nós não vive no limite?!”. Sim, porque o limite são as nossas batalhas do dia-a-dia, o sofrimento de cada um, a dificuldade que é viver no mundo moderno, o conflito interno que cada um carrega e como diz Freud “não temos como correr de nós mesmos.” Lá no programa pelo menos as pessoas vão correr para sobreviver, ou melhor, para ganhar um prêmio. Nosso limite é tão somente para continuar a viver. Não sei, mas minha vontade era de falar que todos nós vivemos no limite, no limite nosso principalmente.
Outra coisa, as pessoas pensam que é preciso ultrapassar nossos limites. Espanto-me ao ouvir tal afirmação, sim porque se nós temos limites é justamente para respeitá-los, é para que eles operem nas nossas vidas. Acredito que não temos que viver no limite, nem além dele, mas sim atento ao que fazemos nas nossas vidas que chegamos no limite não damos conta e nos culpamos por não conseguir alcançar nossos ideais. Já parou para pensar que os ideais estão sempre além do nosso limite, e por não nos respeitarmos acabamos devastados por nós mesmos não atentando que nos desrespeitamos. Deveríamos saber dos nossos limites para viver poder respeitá-los, fazendo por onde não chegar neles e manter certa distancia, criar soluções para evitarmos de chegar nesse limite.
Bom, é isso... minha opinião é de que todos nós participamos desse No Limite, e sinceramente, espero que possamos conseguir não precisar viver nele.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O Direito a Ser Humano


Apesar de ser psicóloga, ou talvez por isso, ando questionando o meio em que mudanças estão sendo efetuadas, ou melhor, forçadas.
Sinto-me mais em um imperativo de fazer as pessoas mudarem do que necessariamente acolher o modo de vida. Acho que toda forma de vida merece ser respeitada, e há impasses na vida em sociedade que irão acontecer. Há formas de punir e gratificar que vão ter que existir. Mas as pessoas ficam numa utopia de uma sociedade que vai ser harmônica, que vai ser batalhadora... Claro que com isso não vamos ficar de braços cruzados vendo o tempo passar. Só que acho fundamental levarmos em conta alguns pontos, como por exemplo o que respeito à vida das pessoas.
Vejo muita política pública tentando mudar a vida das pessoas. Gente, há perdas que vamos ter que lidar, há pessoas que não querem sair do estilo de vida que elas têm. Acho extremamente violento o ato de querer mudar as pessoas. Se algo que aprendi é que cada um nessa vida encontrou um modo de lidar com o difícil que é viver. Sim, viver não é fácil... é um ato que te consome e te convoca a todos os dias a uma árdua tarefa de lidar com os demais e si próprio.
Pelo menos no meu trabalho, quero ser diferente, quero ter um ponto de respeito em relação às vidas. Um ponto que por um lado aceita o modo de vida, e que oferece na outra mão uma chance de escutar o que de si próprio angustia. Alguém para testemunhar aquela história está ali. Uma fala de Miller, psicanalista francês, me marcou muito quando ele diz que o analista provem de tudo aquilo que esse não faz, ou seja, o protagonista da história num consultório não é o psicanalista, e sim a própria pessoa que chega. E se de repente eu chego com minha fome de mudar as pessoas e o modo de vida delas, eu simplesmente ponho ela no lugar de fantoche de um desejo que é meu de mudança para ela. Isso para mim, sim, é a maior violação dos direitos humanos, o direito a ser humano!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Desmedido


Se há algo que nos encontramos a vida toda é o desencontro
De todo tipo de toda forma com todo o seu por vir...
A medida não é certa, a nossa dosagem não é correta
Saí tudo fora da linha o suficiente para não nos apropriarmos da palavra "feliz" ou "suficiente"
E tudo aquilo que queríamos dizer nunca são as palavras pronunciadas
O sentido daquilo que queríamos escond(t)er transparece por entre as linhas
E nosso semblante é o de surpresa diante do que em nós não é nosso
E se a angustia apaziguasse tão somente com as palavras, textos eram somente terapêuticos
Mas não... há algo que a palavra não toca, há sentimentos que não deciframos e há pensamentos que jamais entenderemos....